Nos tempos de Sólon, Atenas não enfrentava apenas uma crise econômica ou social. A cidade estava à beira do colapso institucional. O povo endividado era lançado à escravidão, a elite aristocrática consolidava privilégios, e a pólis se tornava um campo de ressentimento. A justiça havia se tornado um instrumento dos fortes, e a ordem política parecia ter perdido seu fundamento. Neste contexto emerge Sólon, arconte nomeado em 594 a.C., com poderes extraordinários para restaurar a eunomia — a boa ordem. Sua missão não foi destruir estruturas, mas restaurar o equilíbrio entre elas. Sua sabedoria política tornou-se referência de moderação e prudência, buscando a harmonia sem ruptura. Mas sua reforma, embora notável, era limitada por sua natureza secular, sem referência à transcendência, à profecia, ou à escatologia. A liderança da Igreja Adventista do Sétimo Dia é chamada a refletir sobre essas experiências históricas não para imitá-las, mas para discerni-las. O sistema representativo adventista repousa sobre fundamentos mais profundos que o equilíbrio social: repousa na Palavra, na missão, na escatologia. A história de Sólon é, assim, um espelho com lições, virtudes e advertências