Antes de ser chamado “pai da história”, Heródoto foi o herdeiro de um mundo em ruínas. O século V a.C., em que viveu, testemunhou o colapso das antigas hegemonias, a ascensão e queda de impérios, e a constante oscilação entre ordem e desordem. Heródoto não escreveu apenas para relatar o que foi, mas para preservar as causas e sentidos do que aconteceu. Sua obra "Histórias" nasce da vocação de compreender a realidade humana à luz da memória, da justiça e do destino. Para ele, a história era o campo em que se revelavam as tensões entre a hubris (arrogância) e o limite; entre o poder e a fragilidade; entre a glória e a decadência. Assim, sua narrativa não era neutra: era carregada de intenção moral, pedagógica e filosófica. Cada povo, cada guerra, cada governante era um espelho — um reflexo das escolhas humanas diante dos desígnios invisíveis. Ao considerar Heródoto em diálogo com a estrutura de governo e liderança da Igreja Adventista do Sétimo Dia, emerge uma tensão fecunda: de um lado, a valorização da história como advertência e aprendizado; de outro, a necessidade de transcendê-la por meio de uma escatologia viva, que recusa o fatalismo cíclico e reafirma a direção divina do tempo. A IASD, diferente do mundo antigo, não repousa sua esperança em heróis nem em ciclos, mas em um Deus que age na história e conduz Seu povo com estrutura, profecia e missão.