Em um tempo de convulsões políticas e transições entre república e império, Marco Túlio Cícero ergueu sua voz em defesa de uma ordem política baseada não na força ou no arbítrio dos governantes, mas na razão, na justiça e na conformidade com a natureza. Para Cícero, o direito verdadeiro não era produto da convenção humana, mas uma expressão da razão divina inscrita na própria estrutura do cosmos. Essa concepção do ius naturale, herdada dos estóicos e refinada em suas obras "Da República" e "Das Leis", pressupunha que toda autoridade legítima deve se submeter àquilo que é eterno, universal e racional. A relevância desse pensamento para o sistema representativo da Igreja Adventista do Sétimo Dia está em seu reconhecimento de que a autoridade não é um fim em si, mas um meio de preservar e expressar a ordem justa. Assim como Cícero argumentava que a verdadeira lei é "a reta razão em conformidade com a natureza", também a liderança adventista deve ser expressão da mente de Cristo, da Palavra revelada e do testemunho profético. Contudo, diferentemente de Cícero, a tradição adventista não limita o fundamento da ordem à razão natural, mas a ancora na revelação bíblica e na esperança escatológica.