Falar de Nicolau Maquiavel em um contexto eclesiástico pode parecer, à primeira vista, quase um sacrilégio. É desconfortável. É desconcertante. É necessário. Afinal, poucos nomes carregam tamanha carga negativa no imaginário político e religioso. Para muitos, Maquiavel é o pensador do engano, da manipulação, da frieza estratégica. Maquiavel é muitas vezes associado à frieza calculista, à manipulação e à separação radical entre ética e política. Sua fama de conselheiro de tiranos atravessou séculos, tornando-o sinônimo de astúcia imoral. Mas essa caricatura superficial nos impede de ver algo essencial: Maquiavel não defende o mal — ele revela como o poder se move nas sombras, especialmente quando disfarçado de virtude. E é por isso que ele nos interessa.