A história de John Knox é marcada por uma tensão que atravessa os séculos: o impulso de purificar a Igreja e a necessidade de organizá-la com sabedoria. Fundador do presbiterianismo escocês e voz incansável da Reforma, Knox desafiou não apenas a hierarquia católica, mas também qualquer tentativa de moderação institucional que comprometesse a fidelidade doutrinária. Para ele, a verdade não era apenas uma proposição teológica, mas uma convocação divina a moldar a sociedade, a política e o culto. Seu grito de “ainda há profetas em Israel” ecoa até hoje como desafio a uma Igreja que, diante das tentações da acomodação cultural e do formalismo religioso, corre o risco de perder o vigor da profecia. Knox é, nesse sentido, uma figura incômoda — e por isso mesmo necessária. Sua crítica feroz à tirania papal, sua defesa apaixonada pela liberdade de consciência e sua convicção inabalável de que Cristo é o único cabeça da Igreja fizeram dele um arquétipo do reformador combativo, corajoso e por vezes inflexível.