A filosofia social de Auguste Comte, fundador do positivismo, representa um dos projetos mais ambiciosos de reorganização racional da sociedade moderna. Comte propôs um sistema de pensamento que substituísse a teologia e a metafísica por uma ciência social organizada, hierarquizada e centralizada no progresso técnico. A promessa era de emancipação do homem pela razão — mas, por trás dessa promessa, ocultava-se um modelo que, ao substituir a fé pela técnica e o sagrado pelo método, mina os fundamentos espirituais e escatológicos sobre os quais se sustenta a identidade da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Neste episódio, propomos um exame rigoroso dos princípios Comteanos — ordem, progresso, hierarquia funcional e função social da religião — em diálogo com a estrutura eclesiástica adventista. A proposta não é adotar o sistema positivista, mas expor como certos mecanismos administrativos na igreja podem, inadvertidamente, reproduzir sua lógica. E mais: demonstrar por que a adesão irrestrita ao paradigma comteano ameaça a ordem da fé, a escatologia bíblica e a missão profética da igreja.