Vivemos em um mundo que celebra a autonomia individual como um dos valores mais altos da civilização moderna. Esse ideal, herdeiro direto do Iluminismo e articulado de maneira refinada por pensadores liberais como John Stuart Mill, transformou a maneira como enxergamos o papel do indivíduo em relação à sociedade, ao Estado e, inevitavelmente, à religião. Para Mill, a liberdade individual não era apenas um direito político, mas uma necessidade ética e epistemológica: uma condição essencial para o florescimento moral e intelectual do ser humano. Essa noção, embora empolgante, carrega consigo implicações profundas e, por vezes, perigosas, especialmente quando transposta para a vida e a estrutura das comunidades de fé — como é o caso da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Como equilibrar liberdade de consciência e fidelidade doutrinária? Como garantir participação democrática sem dissolver a unidade escatológica da missão? Como permitir diversidade sem abrir mão da verdade revelada? A filosofia de Mill fornece ferramentas valiosas para pensar essas questões — mas também exige vigilância para que a liberdade não se transforme em relativismo, e a diversidade em anarquia eclesiástica.